sábado, 25 de setembro de 2010

.Trabalho de desenvolvimento do primeiro capítulo “Art Worlds and Collective Activity” do Livro Art Worlds de Howard Becker (1984)



IT WAS MY practice to be at my table every morning at 5:30 a.m.; and it was also my practice to allow myself no mercy.
An old groom, whose business it was to call me, and to whom I paid £ 5 a year extra for the duty, allowed him self no mercy. During all those years at Waltham Cross he was never once late with the coffee witch it was his duty to bring me. I do not know that I ought not to feel that I owe more to him than to any one else for the success I have had. By beginning at that hour I could complete my literary work before I dressed for breakfast.
ANTHONY TROLLOPE, 1947[1883], P.227



É desta forma que Becker inicia o primeiro capítulo do seu livro Art Worlds, apresentando um pequeno excerto de Trollope que eu tomei a liberdade de reproduzir na integra e de certa maneira de introduzir o meu texto da mesma forma, pois acho que se ele (Becker) lhe deu esta importância também eu a tenho que dar pois acaba por ser um excerto fundamental para o desenvolvimento do capítulo. E porquê? Porque apresenta-nos aqui uma quantidade de informação e questões que vão alimentar o seu discurso de como funciona o “Mundo da Arte”e ou nas suas actividades.
Nesta primeira parte e relacionando agora o meu discurso para o que vem a ser o essencial desta pequena introdução a questão central é a relevância ou não do ajudante de Trollope na construção/finalização da obra de arte neste caso literária, ou seja, será que o facto de o acordar com o café todos os dias às 5:30 da manhã é ou não importante para que a obra ficasse completa e será que essa participação é relevante, ou não, para como a obra de arte se forma? Trollope diz que sim, enquanto Becker afirma que poderia ser feita sem o café mas que não foi esse o caso e sendo assim, ganha relevância.
Esta pequena reflexão serve então de mote para todo o seu discurso sobre as actividades artísticas, que assim como todas as actividades humanas, envolve sempre um certo número ou grupo de pessoas, colaborando umas com as outras e, que é através da cooperação que toda a arte que vemos ganha forma. Essas formas de cooperação podem então ser efémeras ou rotineiras, acredito que até mesmo casuais, e são elas que acabam por produzir os padrões das actividades colectivas a que poderemos chamar Mundo da Arte. Assim a existência de um Mundo da Arte acaba por afectar tanto a produção como o consumo da mesma, e Becker sugere então que se faça uma abordagem sociológica à arte e não uma abordagem crítica, que produz juízos e julgamentos estéticos, pois no seu ponto de vista uma abordagem sociológica ajuda a compreender a complexidade de cooperação das redes de trabalho onde a arte aparece, assim como por exemplo as actividades de Trollope e o seu ajudante se misturam com as de impressores, editores, críticos, leitores, etc., assim como nas redes similares de todas as áreas.
Art as Activity

“Art Worlds and Collective Activity” está dividido em vários subcapítulos onde este “Art as Activity” é o primeiro e onde Becker começa por analisar a quantidade de actividades necessárias para aparecer a obra de arte e identifica-as de uma forma estrutural, ordena-as, mas afirma no final deste primeiro capitulo em género de conclusão do mesmo que, esta organização não é uma teoria funcionalista que sugere que todas as actividades têm de correr dentro dos mesmos parâmetros pois sem elas o sistema não sobrevive.
Analisemos então as actividades a que Becker se refere: em primeiro lugar e para começar, a ideia. É lógico que para se construir uma obra de arte qualquer que ela seja têm que surgir ideias, sobre o que se quer fazer, como se quer fazer, etc. Há ideias, assim como ele afirma, que requerem muito esforço a elaborar, outras menos, há ideias brilhantes, outras mais foscas, algumas decorrem durante o trabalho e outras são pensadas previamente e a sua qualidade não está necessariamente relacionada com a forma de como o trabalho é produzido ou resolvido. Em segundo lugar e como é óbvio para a concepção do projecto, a ideia tem de ser executada, dar forma à ideia. Necessariamente isto pressupõe a construção de algo, a transformação de algo imaginário para algo concreto, físico, apesar de ele afirmar e transcrevo: “Most artistic ideas take some physical form: a film a painting or sculpture, a book, a dance, a something which can be seen, heard, held.”, Mas a meu ver, não a maioria mas todas as ideias têm que ganhar uma forma física para se tornarem obra de arte, pois no meu entendimento não é possível ou ainda não foi possível consagrar só a ideia como obra de arte, haverá sempre que apresentar um registo físico do que foi ou é a ideia e os meios para a execução da mesma, como sabemos, são os mais variados possíveis, desde computadores e impressoras para escrever e imprimir livros a pautas de musica que têm que ser tocadas por músicos, telas e outros variados suportes para pintura etc., afirmo com convicção que dentro do contexto artístico contemporâneo actual, qualquer meio e suporte é valido para representar uma ideia, ou como possível obra de arte. Outra das actividades que ele enuncia é então a criação e distribuição de materiais e equipamento necessários que a maioria das actividades artísticas precisam, como por exemplo instrumentos musicais, tintas e pincéis, câmeras de filmar, etc. Neste campo afirma também que a produção de trabalho artístico demora tempo e a produção dos materiais e equipamentos também; como é sabido tempo é dinheiro e os artistas assim como ele afirma muitas vezes têm que arranjar formas de obter dinheiro, para poderem comprar os materiais que precisam para a construção da sua obra, e dou como exemplos trabalhar paralelamente noutro emprego, arranjar subsídios estatais, governamentais, ou, ter pais ricos!
Outra das actividades enunciadas é o apoio necessário à apresentação da obra de arte como por exemplo no caso do teatro, o apoio aos artistas a montagem do palco e dos cenários, o “backstage”, por assim dizer, e na apresentação da obra, como é claro, é necessário também o público, que tem uma importância caracterizada muito bem por esta frase que o próprio Becker apresenta: “…if a tree falls in the forest and no one hears it, did it make a sound?“, ou seja a actividade de ver, de resposta, tem que ser feita, e neste sentido surgem também os críticos, filósofos e teóricos que suportam o trabalho artístico, criando raciocínios que suportam a existência da obra e a sua pertinência, mostrando ser também uma actividade bastante necessária para o aparecimento e consolidação da obra de arte.
De qualquer das maneiras e pegando agora no meu primeiro paragrafo e em jeito de conclusão deste primeiro subcapítulo, se uma ou outra destas actividades não ocorrerem desta maneira ou não forem feitas, isso não inviabiliza a criação da obra de arte pois acontecerá de outra maneira, naturalmente isso afecta a produção do trabalho que já não será o mesmo, mas é diferente de não existir. Becker da como exemplo os poetas, que dependem de impressores e editores para publicarem e mostrarem o seu trabalho, mas se por alguma razão essas facilidades não estiverem disponíveis o poeta pode sempre recorrer a outras soluções como imprimir e publicar de um modo caseiro, distribuir na rua, ou por amigos, ou até mesmo guardar para si próprio, mas nesse caso o trabalho não será reconhecido ou direi mesmo conhecido e como tal é como se não existisse.

The Divison of Labor

Dadas as circunstâncias acima referidas e a quantidade de actividades necessárias para a criação de uma obra de arte, Becker analisa agora a divisão do trabalho na produção da obra, pois dificilmente conseguimos imaginar uma pessoa que faça todas essas actividades sozinha, porque, todas as artes, assim como todas as actividades humanas que conhecemos, envolvem a cooperação com o outro.
Dá-nos então a pensar em todas essas actividades e a pensar que são feitas por uma pessoa, especialista, que não faz nada mais do que essa única operação, assim como uma divisão de tarefas numa linha de trabalho, fabril, industrial, apresentando-nos como exemplo a produção de um filme de Hollywood onde a lista de créditos é interminável, e onde estão descriminadas todas essas funções, como director de imagem, de fotografia, produtor, argumento, luzes, câmeras, etc., proporcionado neste caso por uma industria megalómana e por uma cultura tradicional que, de certa forma valoriza a carreira cinematográfica dos participantes através da inclusão dos seus nomes nos créditos, mas, o que é certo, é que tiveram a sua importância na construção do mesmo.
Noutras situações a divisão de tarefas varia e tem formas mais tradicionais ou rígidas ou ate mais alargadas e híbridas dependendo também da natureza do meio como exemplifica através da relação entre o compositor e o músico em vários estilos musicais: antigamente as duas actividades ocorriam em separado, ou seja, o compositor compunha e o músico tocava, mas que isso não é de todo verdade (e hoje em dia cada vez mais), pois alguns como Beethoven compunham e interpretavam, muitas vezes também porque ganhava-se mais a tocar ao vivo que a compor as obras. Ao contrário do que acontece no jazz onde por exemplo as obras não tem um compositor fixo ou não se sabem quem compôs tais temas pois as obras muitas delas são de origem “popular” e o que interessa neste caso são os seus interpretes e a sua capacidade de improvisação sobre os temas. No rock as duas actividades geralmente são exercidas pela mesma pessoa ou banda e as actividades são separadas ao contrário do jazz onde composição e performance são simultâneas.
Becker diz então que as mesmas variações de divisão de trabalho podem ser encontradas em qualquer arte, como na fotografia onde alguns fotógrafos fazem as suas próprias impressões enquanto que outros deixam essa tarefa para técnicos especializados. Cada pessoa que participa na produção de obras de arte tem então uma tarefa para fazer e cada arte, assenta sobre uma extensiva divisão de trabalhos. Isso é óbvio no caso das artes performativas como foi acima referido, e Becker pergunta se em relação às artes mais solitárias como a pintura, por exemplo, isso acontece. Considera que sim, pois a divisão de trabalho não requer que as pessoas estejam todas no mesmo espaço de trabalho ou que trabalhem ao mesmo tempo. Simplesmente requer que tenham um envolvimento directo ou indirecto com o trabalho exemplificando que os pintores também dependem de quem faça as tintas, os pincéis, os galeristas, os coleccionadores, os críticos, pois sem eles, sem esse suporte o seu trabalho não faz sentido e nesse caso são participantes activos no trabalho, e na sequencia deste desenvolvimento sobre a produção de obras de arte e da divisão de trabalho apresento um excerto de Manoel de Oliveira no jornal “O Público” na sexta-feira dia 9 de Julho sobre a defesa do cinema português na pagina 41: “Cada um dos nossos filmes move um grupo de actores, outros tantos figurantes, e uma equipa técnica completa. Este conjunto de contratados mexe com transportes, com restaurantes, com hotéis, etc., e toda esta gente com aquilo que ganha faz as mais variadas compras com esses pequenos ganhos do seu trabalho, e isto, para além de dos gastos que as próprias filmagens são obrigadas a fazer para produzir cada um dos seus filmes.” Ora se este grupo move com restaurantes, hotéis, transportes, etc., será que também eles sejam participantes na obra de arte e dividam assim, com os artistas e os técnicos, e os realizadores e os actores, o trabalho de fazer uma obra de arte? Será que eles para poderem participar nisso, como o chefe de um restaurante, não necessite também de empregados, de fornecedores de comida, de produtores de comida? Será que esses intervenientes indirectos também trabalham para construir uma obra de arte? Assim como um homem que esteja numa fábrica a produzir tubos de tinta a óleo não creio que esteja minimamente preocupado para onde vão, quem os vai usar, e se isso será arte ou não! Que participe indirectamente no mundo da arte, sim, mas então eu também participo indirectamente no mundo da medicina, e sendo assim, o mundo da arte será de todos e terá a participação de todos assim como todos são de todos os mundos!


Art and Artists

A conclusão do ultimo capítulo dá-nos uma boa introdução para um novo, onde Becker afirma que ambos os participantes na criação de trabalhos artísticos e os membros da sociedade em geral acreditam que fazer arte é só para alguns, pessoas dotadas de talentos especiais, sentidos ou capacidades que poucos têm! Esses poucos são os denominados “artistas”! Neste sentido pressupõem-se que os artistas “dotados” possam produzir trabalhos de uma sensibilidade e expressão de grande valor para a sociedade e por seu lado acabam por usufruir de privilégios que a sociedade lhes concede, impossíveis para o cidadão comum, de forma a poderem ter a “liberdade” de produzir para a mesma, trabalhos de carácter e valor único, se bem que esta situação só existe basicamente na sociedade ocidental.
Na distinção dos “verdadeiros artistas” a sociedade ocidental criou mecanismos e meios de encontrar e diferenciar os artistas dos não artistas, e Becker apresenta dois extremos, por um lado, academias de aprendizagem intensiva e de longa duração onde existiriam os que teriam licença para exercitar a arte após esse longo processo, onde os estados não permitiriam uma arte muito autónoma e controlariam as instituições e onde os artistas se formavam, limitando o acesso à pratica e ao desenvolvimento de qualidades. Por outro lado, como por exemplo nos Estados Unidos da América, uma politica onde toda a gente poderia aprender e os talentosos seriam distinguidos dos não talentos com base no seu sucesso de mercado ou através de outros mecanismos de controlo mercantil! De qualquer das maneiras em ambos os sistemas as pessoas continuam a ter a ideia de que os artistas têm talentos especiais e as suas actividades, mais raras têm a conotação de actividades ou trabalhos feitos por artistas, artísticos, enquanto que outras, menos raras e com um processo de trabalho diferente e por terem menos características de “arte”, mas na minha opinião não menos valoroso, são tratadas com menos respeito como o artesanato por exemplo, no entanto é provado, como todos sabemos, que ao longo dos tempos o estatuto do que é arte ou artístico foi mudando e hoje em dia no panorama da arte contemporânea não é preciso termos qualidades “artísticas” ou técnicas para sermos bons artistas, e prova disso é a arte conceptual onde muitas vezes a apresentação da proposta já conta como a própria obra, ou como o minimalismo, onde muitas vezes as peças não são feitas pelos chamados artistas.

Para concluir, o domínio de uma técnica de construção ou de um processo para atingir um fim também pode ser considerado uma obra de arte e o seu técnico um artista, como exemplifica Becker em relação aos produtores e misturadores de música, pois a capacidade de o manipular electronicamente os sons começou a ser reconhecida como artística, e mais uma vez entramos no panorama da contemporaneidade onde tudo vale, desde que seja bem explicado. E é neste panorama que vamos continuar após os actos de Marcel Duchamp e o rompimento e criação de um novo género de arte.
A arte contemporânea sustenta-se que tudo pode ser arte e que qualquer um pode ser artista e como prova disso veja-se a iniciativa do Museu Guggenheim e da publicação por concurso de vídeos no site da internet Youtube, para serem exibidos numa das maiores instituições representativas da arte contemporânea no Mundo.

Pedro Oliveira, História das Ideias, 12 de Julho de 2010

Desespero na floresta

Na floresta escura,
Uma mulher só, passeava
O sol já se punha ao longe,
Sobre os pinheiros e os montes repousava!
De repente,
Rápido como uma serpente,
Um belo cipreste abate-se sobre o seu corpo inocente,
E ela grita, desesperadamente:
- Socorro, alguém me ajude!
Só os lobos ouviram!

O jovem revolucionário

Gritei sim,
À revolução!
Há revolução!
Mas de nada me valeu,
O povo unido continuava a ser vencido!
A polícia investiu sobre um pequeno grupo de manifestantes onde eu me encontrava!
Cai morto por uma causa que agora achava,
Perdida!

O Erro

Eucaliptos pastam nas paisagens
Modernas
Junto a vias rápidas, estradas automáticas
Consomem, consomem
Os terrenos férteis agora secos
Onde já nada cresce
Oh! D. Dinis
Que rica ideia a tua
Usar a exploração florestal
Para o bem da nação
Da industria naval
Mas o teu erro foi, não
Te lembrares que estamos em Portugal!

sexta-feira, 26 de março de 2010

O fardo do mundo

Nu,
No meu quarto sofro a dor da terra,
Espezinhada por mais de mil milhões de homens,
Arrebatando a si a força de viver,
Sem dó, sem piedade,
Alastrando o vírus de uma sida universal,
Arrebatando a si a força da morte,
Que virá bater à porta de todos!

Gozando agora o privilegio que mais tarde
A terra tratará de nos retirar,
Por egoísmo nosso, por nossa culpa,
Por minha culpa,
Carrego aos ombros um fardo pra burro!

Um fardo do tamanho do mundo,
Que me há de pesar a vida toda,
Que me há de ver viver,
Marreco,
Até aos fins dos meus dias,
E a comichão que me faz a palha nas costas?!


Sinto a culpa, em mim,
Pela morte dos judeus,
Dos quais sou sangue também,
Dos escravos dos campos,
Do Louisiana,
Do algodão doce, amargo,
Que como nas feiras de ciganos e circenses,
Das pulseiras,
Compradas no Martim Moniz,
Que queimam o meu pulso,
Nu,
Sinto a dor da classe media,
Do casa trabalho e do trabalho casa,
Da falta da educação das crianças,
A ausência dos pais,
Sinto-o... porque o sou!
Sou um pobre,
Com aspirações à grandeza,
À salvação de uma humanidade,
Da qual, sou herdeiro de um fardo,
Gigantesco,
Maior que as aventuras dos pobres,
Lusitanos, sem pão,
Obrigados a voltar-se pró mar,
Também ele, vendido aos espanhóis,
Também ele poluído por esgotos,
De uma humanidade, cada vez mais,
Cada vez mais,
Vírus…

Com o ouvido atento,
À guitarra das paredes,
Sinto o fado em mim,
Não choro!
Assumo o peso nos ombros dos jovens do mundo inteiro,
Herdando uma herança, feia,
Mas com a qual os nossos pais sonharam,
Embeleza-la!

Oh! Está cada vez mais pesado,
Como está,
Cada vez mais pesado!
E a comichão que me faz a palha nas costas?!

Manifesto à Praga

E aqui me encontro eu,
Uma vida depois,
Em ansiedade e desespero,
Esperando neste reencontro algo tão belo e único como a união
Entre o sol e a lua.

Pessoas escrevem à máquina curiosidades
Sem nexo
Num reflexo
Constante da tentativa de passarem pensamentos humanos para algo concreto,
Mas nada nunca fará sentido,
Como aquilo que sinto por ti,
Minha bela adormecida,
E assim,
No sono se encontram os sonhos,
Dispersos num turbilhão de luzes, sons e cor.

Pinturas abstractas flutuam numa relação
Com a qual eu não posso concordar
Pois no figurativismo expressivo encontro a minha figura,
Surreal, deslocada, fugitiva e cobarde.

Nessa fuga de uma babilónia perdida no tempo
Encontro o meu espaço,
Um porto de abrigo sem barcos onde todos nós damos à costa,
Náufragos de um cruzeiro de luxo,
Vendido por uma ideologia do que é uma vida feliz e o amor verdadeiro.

Naufragado desse barco encontro neste meu porto de abrigo,
Perdidos como eu e tu,
Animais,
Sobreviventes de um cataclismo mundial.
Amo-te, amo-vos…
Gafanhotos em bando devoram toda a vegetação do deserto
Deixando apenas os troncos secos,
Caules e raízes,
Plantas frágeis,
Ao resto dos insectos que somos,
Mas, dar-te-ei a minha raiz,
Fazendo assim, ao teu lado,
Crescer uma arvore de frutos doces e saudáveis,
Capazes de alimentar este exercito de náufragos.

Oh! Praga que me consome,
Chuva ácida sobre prédios cinzentos e podres,
Liberta-me as emoções e desperta-me para um mundo de sentimentos concretos, e verdadeiros,
Amo-te,
Sem ti a minha vida é apenas um dia de inverno,
Chuvoso, triste.

Lamentavelmente a minha sina é sofrer,
Com a situação,
Da minha visão,
Deste Titanic em que viajamos,
Sou um diccaprio afundado e tu,
A princesa deste filme de um segundo na historia do mundo,
Deste filme românico que é a vida.

Trabalhem, trolhas, trabalhem,
Na construção desta colónia de formigas,
Sujas,
Alimentando a fome de uma qualquer rainha-mãe,
Procriando, procriando,
Mais e mais,
Trabalhem, os trolhas, que trabalhem!

Azedos iletrados discutem numa esplanada, um café,
Futebol, fado e família,
Assombrados por um medo de nessas mesmas discussões
Constatarem factos depressivos sobre esta sociedade contemporânea
À qual são
Ao mesmo tempo produtores e consumidores desse mesmo fruto.

Vencidas as guerras,
A luta pela paz continua
Através de manifestos que nada manifestam,
Perdidos na dimensão de uma subcultura eclética,
Igual a todas as outras.
Manifesto,
Manifestas,
Futilidades absurdas sobre o que é a vida e a morte, o amor, a religião,
Tu que nada sabes,
Eu,
Cagalhão ambulante à deriva num esgoto qualquer,
Descarregado por um qualquer autoclismo que limpa
Toda a merda parida pelo cu dos nossos pais.

Consideram-se felizes merdas,
Sem se perguntarem porque não são xixis,
Líquidos fluidos,
Unindo-se à água e purificando-se.

Pecados,
Pedaços de pão,
Migalhas perdidas dadas aos pombos do jardim
Que em sinal de gratidão nos cagam em cima da cabeça,
Meu amor,
Todas as migalhas não seriam um bolo muito mais potente?
As pedras da Pessoa,
Também eu um dia hei de erguer um castelo,
Pra mim e pra ti,
E pra todos os cavaleiros e donzelas do reino do nada,
Onde nada reina e onde tudo é rei.

Vozes, vocês, nós,
Notas soltas,
Perdidas no ar de um qualquer compositor moderno,
Alucinando no abstracto,
Notas que fogem umas das outras,
Impossibilitando assim uma qualquer composição com nexo,
Música prós meus ouvidos.
Soam,
A pouco,
Tentando erguer o timbre,
Sobrepõem-se umas às outras,
Egoístas, putas,
Merdas de músicas.

Oh! Princesa,
Em tom de pseudo-manifesto te escrevo esta carta,
De um escritor que nada escreve,
Vagabundeando entre realidades diferentes,
Procurando encontrar
Uma realidade na qual me sinta totalmente preenchido e,
Aí, construir um canto escuro,
Um buraco onde me possa esconder e ser superficialmente feliz,
À espera que termine,
Este ciclo vicioso a que chama-mos vida terrena.
Impossível? Talvez. Possível?
Talvez, é tudo relativo,
Oh! Einstein,
Oh! Tu que tens a mania que sabes tudo,
Oh! Tu, e assim como eu, não sabes nada.

Puta, dos gafanhotos,
A puta,
Saltando de um lado pró outro,
Fodam-se todos,
Amo-vos todos,
Cabrões, odeio-vos, odeio-me,
Igual a vocês, igual a todos,
Somos todos,
Ervas daninhas num relvado,
Tentando assim construir e crescer,
Um ervado,
Daninhas,
Doninhas fedorentas,
Peidos de ovelhas criadas pró matadouro,
Peidos que fodem a camada de ozono,
Peidos despreocupados,
Por baixo de um lençol qualquer,
Cheirando egoistamente o cheiro,
Felizes,
Pela podridão do próprio cheiro.

Tenho saudades do conforto de uma cama de lençóis lavados,
A minha cama de infância,
Onde nada me destruía e a vida era simples e feliz,
No entanto sinto aqui,
Uma qualquer sensação de bem-estar,
Que me faz sorrir.

Ganzas fumadas,
Por um qualquer rasta,
Alimentando assim no inconsciente,
Um sonho de um mundo melhor,
Somos a porra de uns charros,
Fritarias e trips,
Com e sem consciência,
Gira a ganza man,
Partilha essa moca comigo amigo,
Irmão,
Amor da minha vida,
Droga, porra,
Agarrados vivem felizes,
Viajam no seu corcel castanho,
Num mundo de fantasias,
Abstraídos da podridão,
Enganados pelo fruto da sua fortuna, da sua desgraça.

A praga,
Porra,
A praga,
Porcos de orwell,
Triunfantes da pocilga,
A praga,
Porra
A praga,
Filhos da puta.
E eu aqui amor,
E tu aqui amor,
E nós aqui,
Amores, pragas,
De um mundo novo,
Subjugando a cultura do povo,
Amem-se, fodam-se, amo-vos!

Ensaio/reflexão sobre o discurso de Péricles em “Guerra do Peloponeso” de Tucídides (pags.187 a 195 do Livro Segundo)

A morte é sem duvida o grande problema da vida do Homem, a morte como é vista, como é encarada, como é chorada ou celebrada!
Nesta abordagem ao texto de Tucídides (Guerra do Peloponeso) e em particular ao discurso de Péricles, não posso deixar de sublinhar as problemáticas e os sentimentos que a morte nos trás, tanto para os antigos, como para nós “modernos”, pois o seu discurso (de Péricles) é de exaltação aos primeiros mortos da guerra, nas celebrações fúnebres da cidade. Posso assim afirmar que ao longo da história do Homem, e usando estes dois (o moderno e o antigo, ou clássico), de tempos distintos, a morte foi sempre encarada como um problema à qual a resposta não é certa, sendo contudo, certa para todos, mas, o porquê da sua existência para nós continua a ser desconhecido! Os Gregos acreditavam em deuses esses sim, imortais, e nós, alguns acreditamos, outros não, alguns acreditam na vida após a morte, no paraíso, outros mais cépticos não, apenas morremos e pronto!
Feita esta pequena primeira observação sobre a morte analisemos então o discurso de Péricles, sem não esquecermos as circunstancias e a envolvência que este discurso tem.
Tucídides começa então por nos dar logo a conhecer um ambiente de Inverno, estação esta sempre associada aos frios e às chuvas sendo que em Atenas não deve ser muito rigoroso, mas Inverno é Inverno, e começa mesmo com “No mesmo Inverno” o que nos remete para um inicio de guerra no Inverno, pois refere-se também às celebrações fúnebres dos primeiros cidadãos que tombaram na guerra, o que pode ser duvidoso é a seguir dizer-nos que seguem as tradições dos antepassados, mas visto a guerra se passar no final da vida de Péricles podemos por a hipótese de ser no inicio de guerra, pois as tradições fúnebres essas sim são dos antepassados e não desta guerra em particular, onde discursará Péricles.
Temos também um tónico que nos dá uma boa noção da ideia de sociedade e do seu sistema também necessário à organização do homem que os gregos tinham, que é a celebração ser feita com o dinheiro do estado, aceitando-se que a guerra surgiu e os cidadãos foram lutar pelo bem de um estado, as despesas do funeral também terão que ser estatais em sinal de retribuição, incluindo uma urna vazia simbolizando os corpos não recuperados, sinal de união, mas também o direito à individualidade ou à unidade familiar/tribal com os corpos a serem conduzidos em urnas pelos elementos da mesma tribo, familiares, que choram a morte dos seus entes!
O discurso de Péricles é bastante elucidativo em relação aos valores da sociedade da Grécia Antiga, muitos deles ainda hoje aplicados, como por exemplo o valor de manter as tradições, a fama/reconhecimento/reputação, a inveja, as leis, a herança, etc. é então com base nestes valores e em algumas ideias da sociedade grega também explícitos neste discurso que através da recolha dos mesmos parto para a abordagem e analise ao seu discurso e numa tentativa de através dos mesmos chegar a alguma conclusão sobre a natureza do Homem!
No início do seu discurso a primeira frase demonstra-nos logo a relação do Homem grego com os seus antepassados, passo a transcrever: “A maior parte dos meus antecessores neste lugar exaltaram os que tornaram este discurso uma obrigatoriedade legal…” uma relação de um sentido de dever obrigatório em manter as tradições, neste caso levado ao extremo de ter sido aplicado como lei e com isso não posso deixar de salientar a frequente referencia durante boa parte do seu discurso aos feitos e aos exemplos dos seus antepassados, dedicando-lhes a primeira menção, pois segundo Péricles, “Foram eles que viveram neste país, sem interrupção, de geração em geração, e, graças ao seu valor, legaram-no livre aos que aqui vivem presentemente.” Faço aqui um parênteses para desde já deixar aqui um aviso as constantes transcrições do texto, pois à falta de melhores palavras para explicar os meus pontos de vista, aproprio-me das palavras de Péricles para o fazer.
No desenrolar desta discurso e como um ponto bem sublinhado refere-se ao valor das acções e da forma como devem ser retribuídas, por consequência a reputação e o efeito de valorizar/desvalorizar tais acções que as palavras podem ter, afirmando que acções pagam-se com acções e que nesse ponto, a celebração do funeral às custas do estado é uma boa forma de honrar os homens perdidos em combate, sentindo em si a pressão de através do seu discurso, poder cair no erro de não valorizar suficientemente os falecidos, e ao mesmo tempo de os sobrevalorizar despontando assim a inveja de quem o ouve, pois afirma que “…os homens só suportam ouvir o elogio dos outros, na precisa medida em que conseguem persuadir-se de que são capazes de igualar as acções exaltadas” e encontramos aqui um outro ponto que merece da minha parte algum destaque, a inveja e a tentativa de igualar/superar o outro. Nesse sentido a capacidade de que fala Péricles é a de através da herança dos antepassados e do desenvolvimento dos presentes, a sociedade grega (Atenas) evoluiu, chegando ao ponto de os seus adversários a verem como modelo e a respeitarem.
A administração de Atenas favorece como Péricles afirma “a maioria do povo, e não uma restrita minoria”, fazendo deste o seu principal trunfo, pois este sistema confere a todos o mesmo nível de justiça e respeito, e a progressão na vida publica depende assim do mérito e das capacidades de cada um independentemente da sua origem ou nível social. Estes valores são assim modelos para outras sociedades e demonstram que em Atenas o direito de igualdade entre os homens livres existia, assim como o direito de liberdade privada, pois existia respeito pela liberdade de cada indivíduo, como podem confirmar na leitura da pagina 189 do Livro Segundo de a Guerra do Peloponeso. Afirma mais, que esse respeito e liberdade que os gregos tinham nas suas relações privadas não fazia deles homens sem leis pois essa precaução encontra-se na educação que os gregos davam aos seus filhos, educação essa que os leva a obedecer ao cumprimento das leis, onde existe uma protecção especial aos “mais fracos” (oprimidos), e a um outro código também, que não estando escrito, pertence sempre à moral e à honra dos homens e quem não o cumpre não deixa de se sentir envergonhado.
Outra das necessidades que os gregos viram que era preciso trabalhar era a recompensa pelo trabalho e a “recreação do espírito”. Como resolveram eles este problema? Através da organização de jogos, festas e sacrifícios durante o ano inteiro numa perspectiva de desanuviar da rotina e entreter o Homem, ao mesmo tempo o embelezamento das habitações e o seu conforto eram vistos por Péricles como “uma fonte diária de prazer que ajudava a esquecer as preocupações”, no entanto mais um factor para melhorar a qualidade de vida era o facto de Atenas atrair o comercio de todo o mundo e como tal o acesso a produtos exóticos e luxuosos do mesmo modo que os produzidos por eles, ou seja, a variedade de produtos e o acesso a coisas novas também eram bastante importantes para a abertura da mente e para as necessidades de viver que os gregos achavam melhor.
Abrindo agora um paralelo entre o paragrafo anterior e este que agora se segue e fazendo uma comparação entre o comercio, a abertura dos gregos às novas culturas e a sua politica de defesa, o que Péricles afirma é que a sua abertura aos olhos estrangeiros e a permissão em deixar entrar na cidade novas gentes não faz deles mais fracos ou menos corajosos em relação aos seus inimigos, pois enquanto que os outros incutem um espírito de coragem através de uma disciplina feroz os gregos vivem do modo que mais os agrada e como tal a defesa daquilo que mais amam é para eles o essencial. Os seus adversários podem então explorar a liberdade dos gregos para se aproveitarem ou tentar aproveitarem-se deles, não preocupando os gregos, pois confiam mais na coragem e capacidades dos seus compatriotas do que no segredo da sua politica, fazendo Péricles, como exemplo, uma comparação entre a postura dos gregos em relação à guerra e a postura dos espartanos em relação à mesma, dizendo que os gregos vão em frente e vencem em qualquer campo e que por exemplo os espartanos já precisavam de apoio de aliados para fazerem o mesmo. Ai refere outro aspecto importante para a sociedade que é o conceito de união da nação, ou seja, ao contrario das sociedades bélicas em que o exercito é a base da sociedade os gregos têm, por assim dizer, mais do que fazer, então muitos dos seus homens estão ausentes em outros serviços e actividades importantes para a sociedade, e quando alguém se confronta com o seu exercito esse é, só uma parte do potencial grego, mas para os seus adversários é visto consoante o caso, como uma vitoria ou uma derrota frente a toda a nação grega, e afirma ainda mais, que o facto de viverem como querem lhes trás essa coragem e esse estar disposto a enfrentar o perigo, e que é isso que os distingue, enfrentando os sacrifícios sempre que for preciso com tanta coragem como aqueles que nunca se livram dos mesmos.
No entanto o facto de estar disposto a correr o risco da morte através da guerra é algo que como é lógico tem que ser tido em consideração pois abdicar da vida em prol de outras e abdicar da sua vida e dos seus bens é um acto que não está ao alcance de qualquer um, e tendo em conta a riqueza dos gregos, ainda mais difícil se torna, como o diz Péricles, entrando aqui num tema sobre a qualidade da riqueza e a sua postura em relação à mesma pois acha que da riqueza se deve usufruir mais da utilidade da mesma do que de ostenta-la, e que em relação à pobreza a desonra está em não reconhece-la mas sim em nada fazer contra ela. Pensa então que o homem grego para alem da sua actividade económica tem que se preocupar também com a politica do estado pois como afirma “diferentemente de qualquer outra nação, não dizemos que um homem que não se interessa pela politica se limita a meter-se na sua vida. Dizemos sim que é um inútil.” Afirma assim que gregos consideram a discussão dos assuntos públicos como um passo preliminar indispensável a qualquer acção prudente, em vez de a considerarem como um obstáculo a mesma. Ora é esta consciência da riqueza e do dever público que os torna um estado poderoso pois só graças à consciência do indivíduo e à sua capacidade de versatilidade, é que o estado evoluiu e ganhou poder.
Esta conclusão que Péricles faz acerca do poder do estado transporta-o para outro problema da natureza do homem que é o desejo de reconhecimento presente e futuro e das marcas necessárias a atingi-lo. Essas marcas são deixadas através da construção de grandiosos monumentos que recordam e deixam assim para as gerações vindouras a enormidade e o sentimento de nostalgia, grandiosidade e poder dos gregos. São estas marcas que fazem de Atenas grandiosa e saudada, que faz os seus homens lutarem por ela, segundo Péricles, para não a perderem, lutando e morrendo por ela, e a percepção que qualquer cidadão se encontra pronto para se sacrificar pela mesma causa, pelo mesmo ideal, a consciência de que o homem luta por ideias e sonhos e que isso lhe da força para vencer em prol de lutar pela apropriação de bens e pela sua própria vida e o medo de a perder. Desta forma demonstra, que o risco dos gregos é superior ao de outros povos que não têm tanto a perder e como tal a consciência da bravura, da coragem, da fama e do heroísmo, e que é através do reconhecimento destes valores nos homens mortos em combate que serve para encobrir os defeitos e imperfeições dos mesmos, uma vez que essa acção limpou as menos conseguidas e dignas e o seu valor como cidadão para a sociedade compensou as suas falhas como individuo e como tal merecedores da gloria, da fama, do reconhecimento e do heroísmo.
Péricles deseja assim, conforto às famílias que perderam os seus homens na guerra em vez de condolências, afirmando que no futuro são inúmeras as incertezas e que ao verem as outras famílias felizes serão levados a recordar outros tempos, mais felizes, na presença dos seus entes queridos, agora falecidos, mas que os poderão recordar sempre como homens gloriosos e que morreram honrosos no cumprimento do seu dever. Afirma também que “as magoas são sentidas não tanto pela falta daquilo que nunca tivemos, como pela perda daquilo a que duradouramente nos habituamos” ou seja, a falta da presença de um pai, ou amigo, ou irmão, é mais dura pelo habito da sua presença, do que por nunca o ter tido, por assim dizer. De qualquer maneira avisa para que nunca se perca a confiança numa nova geração que há-de vir e que ajudará a restituir a alegria e a força perdida das famílias e do estado pelo falecimento dos entes queridos e acaba por fim por concluir o seu discurso dizendo que os filhos dos falecidos serão criados a expensas publicas, mais uma vez mostrando a força e o poder e a força do estado (todos), como forma de recompensa e premio aos familiares dos falecidos.


Envolto em todas estas problemáticas, pergunto-me até que ponto o serviço do estado evoluiu ou (des) evoluiu ao longo de mais de dois mil anos de história; fazendo um paralelismo em relação as democracias hoje praticadas, democracias estas de pouca ou mesmo nenhuma protecção aos cidadãos e trabalhadores das classes mais baixas; pergunto-me até que ponto a educação dos cidadãos evoluiu ou não, tendo em conta a baixa taxa de cultura e níveis de educação do mundo onde vivemos, da alta taxa de criminalidade e pouca moral e sentido ético dos cidadãos, pois no meu parecer estas são necessidades básicas para a evolução da nação. Ao mesmo tempo pergunto-me até que ponto um Homem está disposto a morrer por um ideal, seja ele qual for, até que ponto um homem está disposto a abdicar da sua vida em prol de um ideal de estado, aceitando esta hipótese apenas no sentido da protecção dos seus filhos e familiares, e até que ponto um estado continua a ser democrático, numa perspectiva de guerra, supondo que o seu exercito é formado por cidadãos forçados à mesma, por leis maioritárias?
Vejo nas palavras de Péricles muita consciência e sabedoria e posso mesmo afirmar que me fez despertar novos conhecimentos e pensamentos em relação às politicas praticadas hoje em dia e ao mesmo tempo não consigo compreender ainda o porque do sistema em que vivemos ser assim. Em relação a sentidos e sentimentos mais próximos do homem como o reconhecimento, a fama, a inveja, etc. não posso acrescentar nada demais ao que foi aqui dito e ao que foi dito por Péricles pois nada do que diga pode alguma vez superar ou igualar tais afirmações de inteligência e pensamento sobre o comportamento do homem e nada mais tenho a dizer senão que, concordo plenamente com algumas das suas reflexões no campo da postura e maneira do homem estar, das suas atitudes e dos seus vícios, não podendo contudo, descortinar a cem por cento, simplesmente com este texto, quais as razoes que o levam, que nos levam, a agir assim, a ser assim!





20/12/2009
Pedro Oliveira

“Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação.”

Debord, G., 1967, A Sociedade do Espectáculo